terça-feira, 15 de setembro de 2015

Atividade de Leitura - PROBLEMAS FREQUENTES NA CONSTRUÇÃO DE FRASES

PROBLEMAS FREQUENTES NA CONSTRUÇÃO DE FRASES


1- Frase fragmentada:  “caracteriza-se pela interrupção na sequenciação de elementos sintáticos de uma oração mediante o emprego de pontuação inadequada." (Bastos, Neves e Pereira, 1994. p.46).

Ex. O discurso lúdico é, geralmente, mais utilizado na literatura. Pois, é mais democrático, gerando alto grau de polissemia e reversibilidade.

Reformulação do fragmento:

“O discurso lúdico é, geralmente, mais utilizado na arte literária, nos romances, pois é mais democrático, gerando alto grau de polissemia e reversibilidade”.

2 - Frase incompleta:  “incompletude de elemento sintático e de informação semântica, necessários tanto à compreensão da construção quanto à sua contribuição de sentido no texto" (Bastos, Neves e Pereira, 1994. p. 48).

Ex. O público em geral satisfeito com uma programação em que a violência impera e a realidade dos fatos está bem próxima à sua realidade, como se tudo isso aliviasse suas apreensões, seus medos.

Reformulação do fragmento:

“O público em geral fica satisfeito com uma programação onde a violência impera e a realidade dos fatos está bem próxima à sua realidade, como se tudo isso aliviasse suas apreensões, seus medos.”

3- Falta de paralelismo sintático: “caracteriza-se pela presença de unidades de informação simétricas (ideias semelhantes), redigidas em formas gramaticais diferentes” (Bastos, Neves e Pereira, 1994. p.50)

Ex. Com a crescente dificuldade de se ingressar no mercado de trabalho, a tendência é que apenas os que têm algum tipo de apadrinhamento ou competentes consigam um bom emprego.

Reformulação do fragmento:

“Com a crescente dificuldade de se ingressar no mercado de trabalho, a tendência é que apenas os apadrinhados ou os competentes consigam um bom emprego.”


4- Construção truncada: “caracteriza‑se pela manifestação de problemas nas relações estabelecidas entre as unidades de informação.  As pistas dos problemas encontram‑se, muitas vezes, nos elementos de coesão utilizados.” (Bastos, Neves e Pereira, 1994. p. 53).
Ex. O fato é que sendo o objeto da publicidade mexer com o interesse das pessoas, torna esse ramo muito delicado.

Reformulação do fragmento:

“A publicidade é um ramo muito delicado porque mexe com o interesse das pessoas.”

“Como a publicidade mexe com o interesse das pessoas, é um ramo muito delicado”.

5 - Ambiguidade: um problema de construção de frases*
Uma frase, ou parte de uma frase, é considerada ambígua quando apresenta mais de um significado.  Tipos de ambiguidade:

a) Ambiguidade devido à posição do advérbio:
Vacas que comem junco frequentemente ficam doentes.
Correção:
·         Vacas que frequentemente comem junco ficam doentes.
·         Vacas que comem junco ficam doentes frequentemente.

b) Ambiguidade nas orações adjetivas (orações que especificam um nome):
Roubaram a cadeira do gabinete em que eu costumava trabalhar.

Correção:
·         Roubaram a cadeira do gabinete no qual eu costumava trabalhar.
·         Roubaram a cadeira do gabinete na qual eu costumava trabalhar.

c) Ambiguidade com orações reduzidas:
Pendurado no galho mais alto da goiabeira, o menino avistou um ninho de marimbondos.

Correção:
·         O menino, que estava pendurado no galho mais alto da goiabeira, avistou um ninho de marimbondos.
·         O menino avistou um ninho de marimbondos que estava pendurado no galho mais alto da goiabeira.

d) Ambiguidade na referência anafórica:
Jorge disse a seu irmão que ele não ia ganhar um cavalo naquele Natal.

Correção:

1a leitura: Jorge disse a seu irmão: “Não vou ganhar um cavalo neste Natal”.
Ou: Jorge, ao saber que não ia ganhar um cavalo naquele Natal, contou tudo a seu irmão.

2a leitura: Jorge disse a seu irmão: “Você não vai ganhar um cavalo neste natal”.
Ou:  Jorge, ao saber que o irmão não ia ganhar um cavalo naquele Natal, contou tudo ao mesmo.


Outra solução seria expressar o referente entre parênteses:
Jorge disse a seu irmão que ele (Jorge) não ia ganhar um cavalo naquele Natal.

Jorge disse a seu irmão que ele (o irmão) não ia ganhar um cavalo naquele Natal.

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Fontes bibliográficas:

BASTOS, NEVES & PEREIRA. A frase na construção das unidades de informação no texto. In: Técnicas de Produção e Edição de texto. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 1994. p.40-71.
BERNARDO, Sandra. Teoria e prática de texto. FEUC, Rio de Janeiro. [Apostila]
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Exercícios de fixação. Não há necessidade de enviar as respostar por e-mail. Apenas para enriquecimento do conteúdo. 

1 - Reescreva as frases a seguir de modo a garantir o paralelismo sintático:

A - O computador vem facilitando a vida do usuário no dia-a-dia, permitindo otimizar tempo em filas de bancos, reservas de passagens aéreas e fazendo cálculos estruturais e científicos.

B - Sendo bem qualificada e se apresentar um bom ensino, a universidade também tem a ganhar.

C - O uso de equipamentos atualizados e incentivar a frequente atualização do aluno são fatores necessários para a formação de um profissional apto a competir em uma sociedade de mudanças.


 2- Identifique os problemas de construção das frases abaixo e os corrija[1]:

a- “Os bicheiros estão sendo acusados por vários crimes: sequestros, assaltar bancos, roubos de carros, corromper policiais e distribuir entorpecentes”.

b- “As amostras dos tubos que sofreram danos durante o armazenamento já estão no laboratório”

c- “Todos os recém-formados precisam passar por uma avaliação no final do curso. Pois isto estimulará o aluno a levar mais a sério o que pretende fazer”.


d- “O governador escolheu o secretário aparentando calma”.

AMBIGUIDADE DELIBERADA: DUPLICIDADE DE SENTIDO DAS PALAVRAS

Muitas vezes a ambiguidade não constitui um ruído na comunicação, ou seja, não é um problema  a ser evitado; ao contrário, é uma forma de valorizar a mensagem, chamando a atenção do receptor.
Nesta seção, vamos estudar a ambiguidade das palavras (e expressões), ou seja, a possibilidade de elas apresentarem duplo sentido em certos contextos. Esta duplicidade se dá através de dois fenômenos: homonímia e polissemia.

Duplicidade de sentido: homonímia e polissemia.

Você quer ver limpeza?
Veja.                           (Limpador Veja)


Koop Star
Você não vai se amarrar em mais nada.
(Marca de tênis colorido, com zíper no lugar do cadarço, para meninas.)


Homonímia. Duas ou mais palavras que, por coincidência, apresentam a mesma pronúncia.

1-      Homônimos sem homografia: sexta e cesta; seção, sessão, seção e cessão, sela (v. selar) e cela (prisão); conserto e concerto; etc.
2-      Homônimos com homografia: saia (subst.) e saia (v.); gritaria (subst.) e gritaria (v.); manga (fruta) e manga (da camisa); etc.


Na maioria das vezes, a homonímia acontece com palavras de classes gramaticais diferentes:

São Paulo (substantivo, sinônimo de “santo”)
Mente sã em corpo são. (adjetivo)
Eles são amigos. (verbo)
Como você fez isso? (pronome interrogativo)
Eu como pouco, estou sempre de dieta. (verbo ‘comer’)

Eu tinha dado uma chance ao José. (verbo ‘dar’)
Pega o dado daquele jogo novo porque o meu sumiu. (substantivo)


            Quando as palavras são da mesma classe, a explicação da coincidência fonológica está na origem. Elas vêm de línguas diferentes e vão se transformando até ficarem com a mesma pronúncia.


(malaiala- Índia) mangã > manga (fruta)
(latim)             manica > manga (parte da roupa)

(latim) canella > canela (parte da perna)
(francês antigo) canele > canela (condimento)


Polissemia. Ampliação do sentido de uma palavra ou expressão, de acordo com os vários contextos. É a possibilidade de uma mesma palavra apresentar sentidos específicos, porém aproximados.

Dificilmente uma palavra possui significado único; o normal é que as palavras sejam polissêmicas. Pense, por exemplo, nas possibilidades de sentidos para a palavra “ponto”.
No entanto, esta pluralidade de significados que uma palavra pode ter não perturba a clareza da mensagem a ser transmitida, pois o contexto neutraliza a polissemia.

A pluralidade de sentidos de uma palavra se dá por meio de:
- Especialização num meio social:
Operação –      medicina (cirurgia)
                        segurança (ataque/ defesa)
                        matemática (cálculos)

Ação – atitude
            expediente judicial

- Linguagem conotativa.
A extensão do sentido de uma palavra, na maioria das vezes, acontece através do uso da linguagem CONOTATIVA.

POLISSEMIA e LINGUAGEM CONOTATIVA

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

·         Sentido denotativo - sentido primeiro de uma palavra, ou seja, se a procurarmos no dicionário, encontraremos em primeiro lugar seu sentido denotativo. Geralmente possui um referente concreto.
Ex.       Bacteriose - doença causada por bactérias.
                             Cair do cavalo - sofrer uma queda de um cavalo
·         Sentido conotativo - um segundo conteúdo acrescido a uma palavra (ou expressão), o que pode acontecer, por exemplo, através do uso de uma metáfora.
Ex.      Cair do cavalo = dar-se mal

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Exercício. Analise os exemplos 1 e 2 como casos de denotação ou conotação.

Ex. 1 - Vou arrumar as malas para a viagem.
Mala = objeto usado para o transporte de roupas ou outros objetos em viagens.

Ex. 2 - Meu irmão menor é uma mala.
Mala = algo que incomoda; estorvo.

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Linguagem conotativa e metáfora:

METÁFORA

É uma comparação implícita: “Ele é uma mala.” (Explicitamente, teríamos: “Ele é incômodo como uma mala.”)
É a “alteração do sentido de uma palavra ou expressão quando entre o sentido que o termo tem e o que ele adquire existe uma intersecção.” (FIORIN e SAVIOLI, 2007, p. 122)

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Exercícios:

1- Explique como a denotação e a conotação são exploradas nas frases abaixo:

A- Jô Soares e Fausto Silva são apresentadores de peso.



B- Ajude o Jimmy a ficar com a macaca.
(Campanha do Jardim Zoológico de Niterói para encontrar uma companheira para o macaco Jimmy - abril de 2009)



C- Para algumas pessoas, o prazer está acima de tudo. E abaixo de tudo, também.
Scubatec technical diving equipment (Empresa de equipamentos para mergulho)
(O slogan vem acompanhado da gravura de uma mulher no fundo do mar usando os equipamentos da empresa)



2- Leia a anedota abaixo e explique se foi construída a partir do fenômeno da polissemia ou da existência de homonímia entre certas palavras.

Lema da tropa
Na guerra, o general estimula seus soldados antes da grande batalha:
_Não se esqueçam, ao avistar o inimigo, pensem logo no lema de nossa tropa: “Ou mato ou morro”.
            Dito e feito. Quando encontraram os inimigos, metade do batalhão correu para o mato, e o restante para o morro.


3- A ambiguidade é frequentemente usada como estratégia de sedução na linguagem publicitária. Analise cada texto e sublinhe a palavra (ou expressão) usada com duplo sentido. Em seguida, classifique o fenômeno como homonímia ou polissemia.

I -
Já que Natal é tempo de dividir, aqui estão nossas prestações.
(Frase no topo de um encarte publicitário das Casas Bahia; o encarte apresenta figuras de eletrodomésticos o valor de suas respectivas prestações).

II-
Volta às aulas com uma rede de amigos.
Você ganha um Mouse Pad na compra dos produtos da linha ‘Volta às Aulas’.
Bibi. Calçando o futuro.

(Revista Crescer, n 87, fev/2001, p. 99)
III- Há muitos clientes virtuais. Seja um cliente Real.
(Slogan do Banco Real)

IV- Dedetizadora Veneza. E você não encontra mais barata.


*Os exemplos de frases com ambiguidade foram retirados de MORENO, Cláudio & GUEDES Paulo C. Curso básico de redação. São Paulo: Ática, 1991.
[1] As frases foram retiradas de redações de alunos e dos livros Curso Básico de Redação, de Cláudio Moreno e Paulo Guedes e Redação de textos Científicos, de Vera Feitosa.


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