quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A COESÃO E A COERÊNCIA TEXTUAIS - TEORIA E EXERCÍCIOS

Governo do Estado do Mato Grosso
Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT)
Escola Estadual Zélia Costa de Almeida

Curso: Grupo de Estudos ZCA
Prof. Esp. Luciano Otahara Campos
Conteúdos: A coesão e a coerência textuais (teoria)



COESÃO TEXTUAL


1.      TEXTO

a) Em sentido lato – designa qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano, quer se trate de um romance, música, pintura, filme ou escultura etc., isto é, de qualquer tipo de comunicação realizada através de um sistema de signos.

b) Em sentido restrito – texto consiste em qualquer sequência falada ou escrita que constitua uma unidade global de significação, independentemente de sua extensão. Trata-se, dessa forma, de uma unidade semântico-pragmática, de um contínuo sociocomunicativo, que se caracteriza, entre outros fatores, pela coerência e pela coesão (elementos responsáveis pela tessitura do texto).


2. TEXTUALIDADE: conjunto de propriedades que uma sequência de enunciados deve apresentar para constituir um texto.

2.1 – Coesão: uma propriedade textual responsável pelo encadeamento semântico entre frases ou parte delas, que se inter-relacionam para assegurar um dado desenvolvimento informacional.

2.2 – Coerência: uma propriedade textual que permite ao leitor alocutário descobrir alguma espécie de conexão conceptual entre os elementos de uma dada sequência linguística, havendo assim uma convergência entre a configuração de conceitos, as relações manifestas e o conhecimento prévio ativado pelo receptor.


MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL


1. Conceito: mecanismos de coesão são aqueles elementos linguísticos responsáveis pela estruturação da sequência superficial do texto.

2. Classificação

A) Coesão Referencial: manifesta-se geralmente através de itens linguísticos que não podem ser interpretados semanticamente por si mesmos, como pronomes pessoais, demonstrativos e relativos.

a) Substituição: ocorre quando um dado elemento linguístico é retomado ou precedido por um outro elemento. No caso da retomada, tem-se a anáfora. Ex.: “Carla tem um automóvel. Ele é verde”. No caso da antecipação, tem-se a catáfora. Ex.: “Quero dizer-te uma coisa: gosto de você”.

b) Reiteração: é a repetição de expressões que têm a mesma referência no texto.

Repetição do mesmo item lexical: ocorre quando a retomada da informação se dá pela repetição das mesmas expressões lexicais. Ex.: “O fogo destruiu tudo. O edifício desmoronou. Do edifício, sobrou absolutamente nada”.

Sinonímia: ocorre quando a repetição se dá pelo emprego de sinônimos. Ex.: “O barulho é um dos problemas mais graves que afligem nossa civilização nesse século. Os milhões de ruídos que rodeiam o homem diariamente, em quase todos os cantos, em sua maior parte, são produzidos por ele mesmo”.

Hiperonímia/hiponímia: quando o primeiro elemento de uma sequência linguística mantém com um segundo uma relação todo/parte, classe/elemento, tem-se um hiperônimo. Quando o primeiro elemento mantém com o segundo uma relação parte/todo, elemento/classe, tem-se o hipônimo.

Ex.: Um porco morreu devido a uma overdose de haxixe depois de ter comido grande quantidade de droga que seu proprietário escondeu em uma fazenda em Vilagarciana de Carril, na Galícia, noroeste da Espanha”. (Folha de São Paulo, 12/02/91).

Expressões nominais definidas: ocorrem quando há retomadas de um mesmo referente por meio de expressões de natureza diversa, relacionadas com o nosso conhecimento de mundo. Ex.: “Comemora-se o sesquicentenário de Machado de Assis. As comemorações devem ser discretas para que sejam dignas de nosso maior escritor. Seria ofensa à memória do Mestre qualquer comemoração que destoasse da sobriedade e do recato que ele imprimiu a sua vida, já que o bruxo do Cosme Velho continua vivo entre nós.

Nomes genéricos: ocorrem quando há reintegração do item lexical pela utilização de nomes genéricos, como: pessoa, coisa, fato, gente, negócio, lugar, ideia, funcionando como itens de referência anafórica. Ex.: “Até que o mar, quebrando o mundo, anunciou de longe que trazia nas suas ondas coisa nova, desconhecida, forma disforme que flutuava, e todos vieram à praia, na espera... E ali ficaram, até que o mar, sem se apressar, trouxe a coisa, certa, e depositou na areia surpresa triste, um homem morto...”

B) Coesão Recorrencial: ocorre quando as retomadas de estruturas linguísticas visam à progressão do discurso. Constitui um meio de articular a informação nova àquela já conhecida no contexto.

            a) Retomada de termos: ocorre quando a repetição de um mesmo termo exerce uma função determinada, de ênfase, intensificação etc. Ex.: “Pedro, pedreiro, pedreiro esperando o trem que já vem, que já vem, que já vem, que já vem...”

            b) Paralelismo: ocorre quando os elementos linguísticos são reutilizados em enunciados com sentidos diferentes. Ex.:
            “Irene preta
            Irene boa
            Irene sempre de bom humor


C) Coesão Sequencial: tem a mesma função da coesão recorrencial: fazer progredir o texto, impulsionando o fluxo informacional. Difere da recorrencial por não apresentar retomadas de itens, sentenças ou estruturas. Alguns exemplos:

Correlação de tempos verbais: todo enunciado deve satisfazer as condições conceptuais sobre localização temporal e ordenação relativa que são características da referência da realidade. Ex: “Ordenei que deixassem a casa em ordem”.  /  “Ordeno que deixem a casa em ordem”.

Conexão das orações (alguns exemplos):

Condição: estabelece uma relação de dependência entre proposições. Ex.: “Se chover, não iremos à festa”.

Causa: ocorre quando há entre duas proposições uma relação de causa- consequência. Ex.: “Saiu-se bem no exame porque estudou muito”.

Finalidade: conexão entre as duas orações estabelece uma relação meio-fim. Ex.: “Estuda muito a fim de passar no exame”.

Conformidade: conexão das duas orações mostra a conformidade de conteúdo de uma oração em relação à outra. Ex.: “O réu agiu conforme o advogado lhe havia determinado”.

Explicação: a conexão das duas orações mostra que a segunda explica a primeira. Ex.: “Deve ter faltado energia por muito tempo, pois a geladeira está totalmente descongelada”.

Adição: em que a conexão das duas orações mostra um conjunto de ideias entre as proposições. Ex.: “Chegou cedo e recebeu os convidados”.

Adversão: a conexão entre orações mostra a oposição de ideias entre elas. Ex.: “Chegou cedo, mas nada fez”.

Conexão de enunciados em textos: por meio de encadeamentos sucessivos e diferentes entre dois ou mais períodos e entre parágrafos de um texto. Os elementos formais responsáveis por esse tipo de conexão são chamados operadores argumentativos. Ex.:

João é, sem dúvida, o melhor candidato. Tem boa formação e apresenta um consistente programa administrativo. Além disso, revela pleno conhecimento dos problemas da população. Ressalte-se, ainda, que não faz promessa demagógica.”

São operadores argumentativos: estão com o propósito de, com a intenção de, pelo contrário, em vez disso, em contrapartida, em suma, em síntese, em conclusão, para resumir, para concluir etc.


BIBLIOGRAFIA

FÁVERO, Leonor Lopes (1991) Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática.
KOCH, Ingedore G. Villaça (1993) A coesão textual. São Paulo: Ática.





Governo do Estado do Mato Grosso
Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT)
Escola Estadual Zélia Costa de Almeida

Curso: Grupo de Estudos ZCA
Prof. Esp. Luciano Otahara Campos
Conteúdos: A coesão e a coerência textuais (exercícios de sala)


1.      Abaixo, apresentamos alguns segmentos de discurso separados por ponto final. Retire o ponto final e estabeleça entre eles o tipo de relação que lhe parecer compatível, usando para isso os elementos de coesão adequados.

a)      O solo do nordeste é muito seco e aparentemente árido. Quando caem as chuvas, imediatamente brota a vegetação.
b)      Uma seca desoladora assolou a região sul, principal celeiro do país. Vai faltar alimento e os preços vão disparar.
c)      O trânsito em São Paulo ficou completamente paralisado dia 15, das 14 às 18 horas. Fortíssimas chuvas inundaram a cidade.


2.      Reúna os segmentos de cada item, subordinando a segunda sentença à expressão sublinhada na primeira, através de pronomes relativos.

a)      O circo é uma tenda mágica. Acontecem miragens e milagres no circo.
b)      As crianças vão ao circo. Somos responsáveis pelas crianças.
c)      O palhaço chama-se Pipoquinha. O filho do palhaço é o trapezista do circo.
d)     A vida circense é fabulosa. Todos estão acostumados à vida circense.


3.      No texto a seguir há um trecho que, se tomado literalmente (ao pé da letra), leva uma interpretação absurda.

"A oncocercose é uma doença típica de comunidades primitivas. Não foi desenvolvida ainda nenhum medicamento ou tratamento que possibilite o restabelecimento da visão. Após ser picado pelo mosquito, o parasita (agente da doença) cai na circulação sangüínea e passa a provocar irritações oculares até a perda total da visão."
Folha de S. Paulo, 2 nov. 1990.

a)      Identifique o trecho problemático.
b)      Diga qual a interpretação absurda que se pode extrair desse trecho.
c)      Qual a interpretação pretendida pelo autor?
d)     Reescreva o trecho de forma que deixe explícita tal interpretação.


 4.      Estabeleça a coesão do texto abaixo, valendo-se de expressões que substituam o excesso do emprego da palavra "golfinho". Utilize expressões que, mesmo não-oficiais, possam servir como substitutas.

"O golfinho nada velozmente e sai da água em grandes saltos fazendo acrobacias. É mamífero e, como todos os mamíferos, só respira fora da água. O golfinho vive em grupos e comunica-se com outros golfinhos através de gritos estranhos que são ouvidos a quilômetros de distância. É assim que  golfinho pede ajuda quando está em perigo ou avisa os golfinhos onde há comida. O golfinho aprende facilmente os truques que o homem ensina e é por isso que muitos golfinhos são aprisionados, treinados e exibidos em espetáculos em todo o mundo."  Revista Ciência Hoje.



5.      Leia o texto antes de resolverquestão proposta.

PODERÍAMOS VIVER SEM CHUVA?

            À primeira vista, parece que a chuva devia cair sempre à noite, porque é precisamente quando mais benefícios traz e menos prejudica nossos afazeres e divertimentos; mas quer ela cair em dias de festa ou de noite, enquanto dormimos tranquilamente, a chuva é sempre necessária.
            Seus efeitos consistem em penetrar na terra e ser absorvida pelas raízes das plantas, que dela necessitam para viver. Se não houvesse chuva, a vida seria possível no mar. Nas regiões onde nãochuva, nãotambém vida, e noutras onde a chuva é escassa ou cai em certas estações do ano, as populações esperam-na e desejam-na, e atécostume de elevar preces ao céu para que a envie em tempo próprio.
            Devemos ver na chuva um agente que limpa e purifica o ar, alimenta a vida vegetal, da qual depende a nossa e nos fornece a água de que necessitamos durante todo o ano, nas regiões onde chove bastante.

Indique a expressão a que se referem os seguintes itens linguísticos:

a) seus
b) dela
c) onde
d) na
e) da qual


6.      Reúna os segmentos de cada item, subordinando a segunda sentença à palavra sublinhada na primeira.

a) A chuva é necessária em todas as regiões do planeta, embora muitas pessoas não tenham consciência disso. A chuva é fonte de vida.
b) O lavrador reconhece o valor da chuva e do sol para a plantação. Seu ofício depende dos recursos naturais e requer paciência e habilidade.
c) A terra é rica, embora não reconheçamos seu valor. Extraímos nosso alimento da terra.
d) Na cidade, as pessoas esquecem que a harmonia do planeta depende do equilíbrio entre os dias de sol e os dias de chuva. não se tem noção da origem dos gêneros alimentícios.



7.      No texto seguinte, há impropriedade quanto ao uso do pronome relativo. Reescreva-o com a correção que se faz necessária.

            A festa em homenagem ao centenário da cidade cuja eu nasci durou três dias. As atividades que abrilhantaram o evento realizaram-se na colina onde se originou a primeira vila em que deu início à cidade. O ponto alto das solenidades foi o momento onde as crianças encenaram, representando os fundadores da cidade.


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