quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A COESÃO E A COERÊNCIA TEXTUAIS - TEORIA E EXERCÍCIOS

Governo do Estado do Mato Grosso
Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT)
Escola Estadual Zélia Costa de Almeida

Curso: Grupo de Estudos ZCA
Prof. Esp. Luciano Otahara Campos
Conteúdos: A coesão e a coerência textuais (teoria)



COESÃO TEXTUAL


1.      TEXTO

a) Em sentido lato – designa qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano, quer se trate de um romance, música, pintura, filme ou escultura etc., isto é, de qualquer tipo de comunicação realizada através de um sistema de signos.

b) Em sentido restrito – texto consiste em qualquer sequência falada ou escrita que constitua uma unidade global de significação, independentemente de sua extensão. Trata-se, dessa forma, de uma unidade semântico-pragmática, de um contínuo sociocomunicativo, que se caracteriza, entre outros fatores, pela coerência e pela coesão (elementos responsáveis pela tessitura do texto).


2. TEXTUALIDADE: conjunto de propriedades que uma sequência de enunciados deve apresentar para constituir um texto.

2.1 – Coesão: uma propriedade textual responsável pelo encadeamento semântico entre frases ou parte delas, que se inter-relacionam para assegurar um dado desenvolvimento informacional.

2.2 – Coerência: uma propriedade textual que permite ao leitor alocutário descobrir alguma espécie de conexão conceptual entre os elementos de uma dada sequência linguística, havendo assim uma convergência entre a configuração de conceitos, as relações manifestas e o conhecimento prévio ativado pelo receptor.


MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL


1. Conceito: mecanismos de coesão são aqueles elementos linguísticos responsáveis pela estruturação da sequência superficial do texto.

2. Classificação

A) Coesão Referencial: manifesta-se geralmente através de itens linguísticos que não podem ser interpretados semanticamente por si mesmos, como pronomes pessoais, demonstrativos e relativos.

a) Substituição: ocorre quando um dado elemento linguístico é retomado ou precedido por um outro elemento. No caso da retomada, tem-se a anáfora. Ex.: “Carla tem um automóvel. Ele é verde”. No caso da antecipação, tem-se a catáfora. Ex.: “Quero dizer-te uma coisa: gosto de você”.

b) Reiteração: é a repetição de expressões que têm a mesma referência no texto.

Repetição do mesmo item lexical: ocorre quando a retomada da informação se dá pela repetição das mesmas expressões lexicais. Ex.: “O fogo destruiu tudo. O edifício desmoronou. Do edifício, sobrou absolutamente nada”.

Sinonímia: ocorre quando a repetição se dá pelo emprego de sinônimos. Ex.: “O barulho é um dos problemas mais graves que afligem nossa civilização nesse século. Os milhões de ruídos que rodeiam o homem diariamente, em quase todos os cantos, em sua maior parte, são produzidos por ele mesmo”.

Hiperonímia/hiponímia: quando o primeiro elemento de uma sequência linguística mantém com um segundo uma relação todo/parte, classe/elemento, tem-se um hiperônimo. Quando o primeiro elemento mantém com o segundo uma relação parte/todo, elemento/classe, tem-se o hipônimo.

Ex.: Um porco morreu devido a uma overdose de haxixe depois de ter comido grande quantidade de droga que seu proprietário escondeu em uma fazenda em Vilagarciana de Carril, na Galícia, noroeste da Espanha”. (Folha de São Paulo, 12/02/91).

Expressões nominais definidas: ocorrem quando há retomadas de um mesmo referente por meio de expressões de natureza diversa, relacionadas com o nosso conhecimento de mundo. Ex.: “Comemora-se o sesquicentenário de Machado de Assis. As comemorações devem ser discretas para que sejam dignas de nosso maior escritor. Seria ofensa à memória do Mestre qualquer comemoração que destoasse da sobriedade e do recato que ele imprimiu a sua vida, já que o bruxo do Cosme Velho continua vivo entre nós.

Nomes genéricos: ocorrem quando há reintegração do item lexical pela utilização de nomes genéricos, como: pessoa, coisa, fato, gente, negócio, lugar, ideia, funcionando como itens de referência anafórica. Ex.: “Até que o mar, quebrando o mundo, anunciou de longe que trazia nas suas ondas coisa nova, desconhecida, forma disforme que flutuava, e todos vieram à praia, na espera... E ali ficaram, até que o mar, sem se apressar, trouxe a coisa, certa, e depositou na areia surpresa triste, um homem morto...”

B) Coesão Recorrencial: ocorre quando as retomadas de estruturas linguísticas visam à progressão do discurso. Constitui um meio de articular a informação nova àquela já conhecida no contexto.

            a) Retomada de termos: ocorre quando a repetição de um mesmo termo exerce uma função determinada, de ênfase, intensificação etc. Ex.: “Pedro, pedreiro, pedreiro esperando o trem que já vem, que já vem, que já vem, que já vem...”

            b) Paralelismo: ocorre quando os elementos linguísticos são reutilizados em enunciados com sentidos diferentes. Ex.:
            “Irene preta
            Irene boa
            Irene sempre de bom humor


C) Coesão Sequencial: tem a mesma função da coesão recorrencial: fazer progredir o texto, impulsionando o fluxo informacional. Difere da recorrencial por não apresentar retomadas de itens, sentenças ou estruturas. Alguns exemplos:

Correlação de tempos verbais: todo enunciado deve satisfazer as condições conceptuais sobre localização temporal e ordenação relativa que são características da referência da realidade. Ex: “Ordenei que deixassem a casa em ordem”.  /  “Ordeno que deixem a casa em ordem”.

Conexão das orações (alguns exemplos):

Condição: estabelece uma relação de dependência entre proposições. Ex.: “Se chover, não iremos à festa”.

Causa: ocorre quando há entre duas proposições uma relação de causa- consequência. Ex.: “Saiu-se bem no exame porque estudou muito”.

Finalidade: conexão entre as duas orações estabelece uma relação meio-fim. Ex.: “Estuda muito a fim de passar no exame”.

Conformidade: conexão das duas orações mostra a conformidade de conteúdo de uma oração em relação à outra. Ex.: “O réu agiu conforme o advogado lhe havia determinado”.

Explicação: a conexão das duas orações mostra que a segunda explica a primeira. Ex.: “Deve ter faltado energia por muito tempo, pois a geladeira está totalmente descongelada”.

Adição: em que a conexão das duas orações mostra um conjunto de ideias entre as proposições. Ex.: “Chegou cedo e recebeu os convidados”.

Adversão: a conexão entre orações mostra a oposição de ideias entre elas. Ex.: “Chegou cedo, mas nada fez”.

Conexão de enunciados em textos: por meio de encadeamentos sucessivos e diferentes entre dois ou mais períodos e entre parágrafos de um texto. Os elementos formais responsáveis por esse tipo de conexão são chamados operadores argumentativos. Ex.:

João é, sem dúvida, o melhor candidato. Tem boa formação e apresenta um consistente programa administrativo. Além disso, revela pleno conhecimento dos problemas da população. Ressalte-se, ainda, que não faz promessa demagógica.”

São operadores argumentativos: estão com o propósito de, com a intenção de, pelo contrário, em vez disso, em contrapartida, em suma, em síntese, em conclusão, para resumir, para concluir etc.


BIBLIOGRAFIA

FÁVERO, Leonor Lopes (1991) Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática.
KOCH, Ingedore G. Villaça (1993) A coesão textual. São Paulo: Ática.





Governo do Estado do Mato Grosso
Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT)
Escola Estadual Zélia Costa de Almeida

Curso: Grupo de Estudos ZCA
Prof. Esp. Luciano Otahara Campos
Conteúdos: A coesão e a coerência textuais (exercícios de sala)


1.      Abaixo, apresentamos alguns segmentos de discurso separados por ponto final. Retire o ponto final e estabeleça entre eles o tipo de relação que lhe parecer compatível, usando para isso os elementos de coesão adequados.

a)      O solo do nordeste é muito seco e aparentemente árido. Quando caem as chuvas, imediatamente brota a vegetação.
b)      Uma seca desoladora assolou a região sul, principal celeiro do país. Vai faltar alimento e os preços vão disparar.
c)      O trânsito em São Paulo ficou completamente paralisado dia 15, das 14 às 18 horas. Fortíssimas chuvas inundaram a cidade.


2.      Reúna os segmentos de cada item, subordinando a segunda sentença à expressão sublinhada na primeira, através de pronomes relativos.

a)      O circo é uma tenda mágica. Acontecem miragens e milagres no circo.
b)      As crianças vão ao circo. Somos responsáveis pelas crianças.
c)      O palhaço chama-se Pipoquinha. O filho do palhaço é o trapezista do circo.
d)     A vida circense é fabulosa. Todos estão acostumados à vida circense.


3.      No texto a seguir há um trecho que, se tomado literalmente (ao pé da letra), leva uma interpretação absurda.

"A oncocercose é uma doença típica de comunidades primitivas. Não foi desenvolvida ainda nenhum medicamento ou tratamento que possibilite o restabelecimento da visão. Após ser picado pelo mosquito, o parasita (agente da doença) cai na circulação sangüínea e passa a provocar irritações oculares até a perda total da visão."
Folha de S. Paulo, 2 nov. 1990.

a)      Identifique o trecho problemático.
b)      Diga qual a interpretação absurda que se pode extrair desse trecho.
c)      Qual a interpretação pretendida pelo autor?
d)     Reescreva o trecho de forma que deixe explícita tal interpretação.


 4.      Estabeleça a coesão do texto abaixo, valendo-se de expressões que substituam o excesso do emprego da palavra "golfinho". Utilize expressões que, mesmo não-oficiais, possam servir como substitutas.

"O golfinho nada velozmente e sai da água em grandes saltos fazendo acrobacias. É mamífero e, como todos os mamíferos, só respira fora da água. O golfinho vive em grupos e comunica-se com outros golfinhos através de gritos estranhos que são ouvidos a quilômetros de distância. É assim que  golfinho pede ajuda quando está em perigo ou avisa os golfinhos onde há comida. O golfinho aprende facilmente os truques que o homem ensina e é por isso que muitos golfinhos são aprisionados, treinados e exibidos em espetáculos em todo o mundo."  Revista Ciência Hoje.



5.      Leia o texto antes de resolverquestão proposta.

PODERÍAMOS VIVER SEM CHUVA?

            À primeira vista, parece que a chuva devia cair sempre à noite, porque é precisamente quando mais benefícios traz e menos prejudica nossos afazeres e divertimentos; mas quer ela cair em dias de festa ou de noite, enquanto dormimos tranquilamente, a chuva é sempre necessária.
            Seus efeitos consistem em penetrar na terra e ser absorvida pelas raízes das plantas, que dela necessitam para viver. Se não houvesse chuva, a vida seria possível no mar. Nas regiões onde nãochuva, nãotambém vida, e noutras onde a chuva é escassa ou cai em certas estações do ano, as populações esperam-na e desejam-na, e atécostume de elevar preces ao céu para que a envie em tempo próprio.
            Devemos ver na chuva um agente que limpa e purifica o ar, alimenta a vida vegetal, da qual depende a nossa e nos fornece a água de que necessitamos durante todo o ano, nas regiões onde chove bastante.

Indique a expressão a que se referem os seguintes itens linguísticos:

a) seus
b) dela
c) onde
d) na
e) da qual


6.      Reúna os segmentos de cada item, subordinando a segunda sentença à palavra sublinhada na primeira.

a) A chuva é necessária em todas as regiões do planeta, embora muitas pessoas não tenham consciência disso. A chuva é fonte de vida.
b) O lavrador reconhece o valor da chuva e do sol para a plantação. Seu ofício depende dos recursos naturais e requer paciência e habilidade.
c) A terra é rica, embora não reconheçamos seu valor. Extraímos nosso alimento da terra.
d) Na cidade, as pessoas esquecem que a harmonia do planeta depende do equilíbrio entre os dias de sol e os dias de chuva. não se tem noção da origem dos gêneros alimentícios.



7.      No texto seguinte, há impropriedade quanto ao uso do pronome relativo. Reescreva-o com a correção que se faz necessária.

            A festa em homenagem ao centenário da cidade cuja eu nasci durou três dias. As atividades que abrilhantaram o evento realizaram-se na colina onde se originou a primeira vila em que deu início à cidade. O ponto alto das solenidades foi o momento onde as crianças encenaram, representando os fundadores da cidade.


OS VÍCIOS DE LINGUAGEM - TEORIA E EXERCÍCIOS

 Governo do Estado do Mato Grosso
Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT)
Escola Estadual Zélia Costa de Almeida

Curso: Grupo de Estudos ZCA – Construindo Novas Histórias
Prof. Esp. Luciano Otahara Campos
Conteúdo: Vícios de Linguagem (teoria)

Vícios de linguagem, conforme Cegalla (2007, p. 634), são “incorreções e defeitos no uso da língua falada ou escrita. Originam-se do descaso ou do despreparo linguístico de quem se expressa.” Alguns professores pontuam, ainda, que qualquer desvio das normas gramaticais pode ser considerado um vício de linguagem.
Dentre os vícios de linguagem, podemos destacar, de acordo com Cegalla: ambiguidade, barbarismo, cacofonia ou cacófato, estrangeirismo, hiato, colisão, eco, obscuridade, pleonasmo, solecismo, preciosismo/rebuscamento, plebeísmo. Vejamos a caracterização de cada um deles e alguns exemplos.

11. AMBIGUIDADE ou ANFIBOLOGIA: manifesta-se pela falta de clareza contida no discurso (duplo sentido).

a)      “Jacinto, vi a Célia passeando com sua irmã.” (sua: de quem?)
b)      O ladrão matou o policial dentro de sua casa. (na casa do ladrão ou do policial?)
c)      O guarda conduziu a idosa para sua residência. (residência de quem? Dela ou do guarda?)


2. BARBARISMO: é o desvio da norma culta (emprego de palavras erradas) no que diz respeito à pronúncia, à grafia, à semântica e à ortografia (cidadões por cidadãos; proporam por propuseram).

Ø  Pronúncia
a) Silabada – refere-se ao deslocamento do acento tônico de uma determinada palavra como, por exemplo:
No documento constata apenas a rúbrica (em vez de rubrica) do comprador.
b) Cacoépia – configura-se como um erro na pronúncia dos fonemas, tal como no exemplo:
Esse é um probrema (em vez de problema) que temos de resolver.
c) Cacografia – manifesta-se pelo desvio no que se refere à grafia ou flexão de uma dada palavra:
Se o delegado detesse (em vez de detivesse) todos os marginais, haveria mais segurança.
Nós advinhamos (em vez de adivinhamos) que você viria.

Ø  Morfologia
Se ele ir (em vez de fosse) conosco, gostaríamos bastante.

Ø  Semântica
Os comprimentos (em vez de cumprimentos) foram destinados ao vencedor do concurso.
Obs.: Todas as formas de estrangeirismo são consideradas, por diversos autores, barbarismo. Cegalla, por exemplo, não é um deles. (Ex.: weekend em vez de fim-de-semana.)


3. CACOFONIA ou CACÓFATO: consiste em criar um som desagradável pela união de duas ou mais palavras no enunciado da frase.

Eu vi ela no supermercado. (Correto: Eu a vi no supermercado.)
Beijou na boca dela. (Correto: Beijou-a na boca.)
Vou-me já. (Correto: Já vou embora.)


4. ESTRANGEIRISMO: refere-se ao emprego de palavras pertencentes a outros idiomas quando já existe um termo equivalente na língua portuguesa. “Conforme a proveniência, o estrangeirismo se denomina: galicismo ou francesismo (do francês), anglicismo (do inglês), germanismo (do alemão), castelhanismo (do espanhol), italianismo (do italiano)”

Comemoraremos seu aniversário em um happy hour (final de tarde).
Como foi seu weekend? (fim de semana)
Obs.: Alguns galicismos e anglicismos devem ser evitados. Ele cita dentre vários exemplos: menu (por cardápio) e apartheid (por segregação racial)


5. HIATO: aproximação de vogais idênticas.

Traga a água.


6. COLISÃO: sucessão de sons consonantais idênticos ou semelhantes.

rato roeu a roupa; viajjá; aqui caem cacos.


7. ECO: “concorrência de palavras que têm a mesma terminação”.

A flor tem odor e frescor.

Obs.: O eco na prosa é considerado um vício, um defeito. Já na poesia é o fundamento da rima.


8. OBSCURIDADE: “sentido obscuro ou duvidoso decorrente do emaranhado da frase, dá má 
colocação das palavras, da impropriedade dos termos, da pontuação defeituosa ou do estilo empolado” (pomposo).


9. PLEONASMO: “redundância, presença de palavras supérfluas na frase”, usado como recurso intencional de estilo. Em outras palavras, trata-se da repetição de um termo já expresso ou de uma ideia já sugerida, para fins de clareza. Ex.: Entrar para dentro; sair para fora. Outros exemplos comuns: panorama geral; antecipar para antes; criar novos…

Pleonasmo vicioso

Diferentemente do pleonasmo contido nas figuras de construção ou sintaxe, há o pleonasmo vicioso cuja característica se refere à repetição desnecessária de uma ideia antes expressa:
Com o barulho estrondoso, imediatamente todos saíram para fora.


10. SOLECISMO: é o desvio em relação à sintaxe. Pode ser:

Ø  De concordância
- Haviam pessoas. (o certo seria “havia”)
- Fazem dois meses. (o certo seria “faz”)

No caso, o erro ocorre no emprego do verbo “fazer”, que no sentido de tempo decorrido é impessoal, fazendo com que a oração seja sem sujeito. Portanto, o verbo não deve se flexionar para o plural, o correto seria: “Fazia anos que não morriam pessoas”.

- Faltou muitos alunos. (o certo seria “faltaram”)

Ø  De regência

- Obedeça o chefe. (o certo seria “ao chefe”)
- Assisti o filme. (o certo seria “ao filme”)

Ø  De colocação

- Não espere-me. (o certo seria “Não me espere”)
- Me empresta o carro? (o certo seria “Empresta-me”)


11. PRECIOSISMO, REBUSCAMENTO: exagero da linguagem, afetação, linguagem artificial. Ex.: Na pretérita centúria, meu progenitor presenciou o acasalamento do astro-rei com a rainha da noite. (ou seja: No século passado, meu avô presenciou um eclipse solar.)


12. PLEBEÍSMO: “uso de palavras e expressões vulgares, de termos de gíria”. Vejamos alguns exemplos citados: cara (indivíduo), troço (objeto, coisa), cuca (cabeça), bacana, legal (bom), coroa (pessoa idosa), grana (dinheiro), entrar pelo cano (sair-se mal), dentre outros.


13. ARCAÍSMOS: Uso de expressões que caíram em desuso.
Ex: Vossa Mercê (Você). Venho por meio desta solicitar (Solicito…).


14. GERUNDISMO: termo criado para designar a prática de utilizar o gerúndio (terminação do verbo em ‘ndo’) em demasia no discurso. Exemplos:

Um minuto, que eu vou estar verificando seu cadastro.
Vou estar transferindo sua ligação.
Desculpe, senhora, mas estamos tendo que fazer tudo manualmente.
Vamos estar encaminhando sua solicitação.

Perceba que nos exemplos de uso incorreto do gerúndio há um excesso de formas verbais, que é desnecessário:

IR + ESTAR + ENCAMINHAR (vou estar encaminhando) = ENCAMINHAREI

Observações:
1. O gerúndio é uma forma nominal do verbo constituída por um verbo auxiliar + um verbo com a terminação NDO.
2. O gerúndio expressa uma ação em curso (contínua) ou uma ação simultânea a outra, exprimindo a ideia de progressão indefinida, ou seja, não se denota o final, a conclusão da ação. A questão é que ações como transferir, aguardar, reservar etc. não necessitam da noção de continuidade que o gerúndio expressa, já que são ações rápidas e pontuais. Pode-se então desprezar esta noção, já que não é necessária, e utilizar o verbo na sua forma conjugada ou no infinitivo.
3. Como usar corretamente o gerúndio sem virar um gerundismo?
- É correto usar o gerúndio quando se quer expressar uma ideia ou ação que ocorre simultaneamente a outra, no passado ou no futuro: “Amanhã, quando você estiver fazendo a apresentação, eu estarei realizando os meus exames.”
- É correto usar o gerúndio quando se quer expressar uma ação contínua sem determinar a conclusão da mesma: “Eles foram caminhando pelas ruas sem saber para onde ir.”
- É correto usar o gerúndio quando se quer expressar uma ação em curso, em qualquer tempo verbal: “Amanhã neste horário, vou estar viajando de férias.” / “Não me ligue muito cedo, pois acho que ainda estarei dormindo.”


15. NEOLOGISMO: emprego de novas palavras que não foram incorporadas pelo idioma.
Vou deletar o arquivo que recebi. (Correto: Vou apagar o arquivo que recebi). Nesse caso, o verbo deletar, neologismo criado a partir da palavra inglesa delete, está sendo usado no lugar da palavra apagar, existente na nossa língua.

Obs.: O neologismo não é considerado vício quando se cria uma palavra a fim de nomear algo para o qual não há um vocábulo na língua. Como, por exemplo, a palavra camelódromo, que é um lugar especial para reunir camelôs.




Governo do Estado do Mato Grosso
Secretaria de Estado de Educação (SEDUC-MT)
Escola Estadual Zélia Costa de Almeida

Curso: Grupo de Estudos ZCA – Construindo Novas Histórias
Prof. Esp. Luciano Otahara Campos
Conteúdo: Vícios de Linguagem (atividades de sala)


1.       Indique os vícios de linguagem que apresentam as frases abaixo.

a)      É verdade, poeta, só nos sonhos a gente agarra a fada pelos cabelos.
b)      Muitos cidadões ou não votam ou votam mau.
c)       Ah fatalidade! As rugas da idade se instalam em minha face sem piedade e apagam o frescor da mocidade.
d)      Fábio quis conhecer o sítio de um tio de que o pai falava muito.
e)      Embora doente, Tito teima em tomar café a todo instante.
f)       O Rio está incluído na tournée organizada pela nova empresa de turismo.
g)      Eu ia eufórico pela rua, ouvindo vozes que não me eram estranhas.


2.       Relacione as frases aos vícios de linguagem que nelas ocorrem: (a) estrangeirismo  (b) pleonasmo  (c) solecismo  (d) preciosismo

__ Desde então ele passou a nutrir uma inexplicável xenofobia aos estrangeiros.
__ Evolou-se (exalar-se) aos paramos (céu) etéreos a alma imácula da donzela.
__ Foi impecável a performance do piloto durante a dura competição.
__ Amanhã começa as aulas nas escolas e há muitas salas onde falta carteiras.


3.       Leia atentamente os textos abaixo e critique-os do ponto de vista do uso da linguagem que eles apresentam.



Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
                    Oswald de Andrade
Inútil

A gente não sabemos
Escolher presidente
A gente não sabemos
Tomar conta da gente
A gente não sabemos
Nem escovar os dente
Tem gringo pensando
Que nóis é indigente…
[...]
                           Ultraje a rigor




4.       Identifique a alternativa em que ocorre um pleonasmo vicioso:

a)      A casa, já não há quem a limpe.
b)      Para abrir a embalagem, levante a alavanca para cima.
c)       Bondade excessiva, não a tenho.
d)      N.D.A.


 5.       Diante dos enunciados que seguem, analise-os, apontando qual o vício de linguagem predominante nestes:

a)      Peguei o ônibus correndo.
b)      Por estar inconsciente, não entendi o que realmente quis dizer. Contudo,  possivelmente conversaremos depois.
c)       Aquele ambiente é bastante aconchegante, que tal fazermos um happy-hour, ou talvez um breakfast?
d)      Na geladeira há sanduiches de mortandela, coloque-os na bandeija e sirva aos convidados.
e)      Durante o evento, não vi ela nem um instante.
f)       Suba lá em cima e pegue as encomendas para mim.


6.       Qual o vício de linguagem que se observa na frase: “Eu não vi ele faz muito tempo”.

a)      solecismo
b)      cacófato
c)       arcaísmo
d)      barbarismo
e)      colisão




7.       Sobre os vícios de linguagem, relacione a segunda coluna com a primeira:



(a) barbarismo;
(b) solecismo;
(c) cacófato;
(d) redundância;
(e) ambiguidade.
   
(  ) É admirável a fé de meu tio;
(  ) Não teve dó: decapitou a cabeça do condenado;
(  ) Faziam anos que não morriam pessoas;
(  ) Coitado do burro do meu irmão! Morreu.
(  ) Intervi na briga por que sou intemerato (íntegro).