Governo do
Estado do Mato Grosso
Secretaria de
Estado de Educação (Seduc-MT)
Escola
Estadual Zélia Costa de Almeida
Curso:
Grupo de Estudos ZCA
Prof.
Esp. Luciano Otahara Campos
Conteúdos:
A coesão e a coerência textuais (teoria)
COESÃO TEXTUAL
1.
TEXTO
a) Em
sentido lato – designa qualquer manifestação da capacidade textual do ser
humano, quer se trate de um romance, música, pintura, filme ou escultura etc.,
isto é, de qualquer tipo de comunicação realizada através de um sistema de
signos.
b) Em
sentido restrito – texto consiste em qualquer sequência falada ou escrita que
constitua uma unidade global de significação, independentemente de sua
extensão. Trata-se, dessa forma, de uma unidade semântico-pragmática, de um
contínuo sociocomunicativo, que se caracteriza, entre outros fatores, pela
coerência e pela coesão (elementos responsáveis pela tessitura do texto).
2. TEXTUALIDADE:
conjunto de propriedades que uma sequência de enunciados deve apresentar para
constituir um texto.
2.1 – Coesão:
uma propriedade textual responsável pelo encadeamento semântico entre frases ou
parte delas, que se inter-relacionam para assegurar um dado desenvolvimento
informacional.
2.2 – Coerência:
uma propriedade textual que permite ao leitor alocutário descobrir alguma
espécie de conexão conceptual entre os elementos de uma dada sequência linguística,
havendo assim uma convergência entre a configuração de conceitos, as relações
manifestas e o conhecimento prévio ativado pelo receptor.
MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL
1. Conceito:
mecanismos de coesão são aqueles elementos linguísticos responsáveis pela
estruturação da sequência superficial do texto.
2. Classificação
A) Coesão Referencial:
manifesta-se geralmente através de itens linguísticos que não podem ser
interpretados semanticamente por si mesmos, como pronomes pessoais,
demonstrativos e relativos.
a) Substituição:
ocorre quando um dado elemento linguístico é retomado ou precedido por um outro
elemento. No caso da retomada, tem-se a anáfora. Ex.: “Carla tem um automóvel. Ele é verde”. No caso da
antecipação, tem-se a catáfora. Ex.: “Quero dizer-te uma coisa: gosto de você”.
b) Reiteração:
é a repetição de expressões que têm a mesma referência no texto.
Repetição
do mesmo item lexical: ocorre quando a retomada da informação se dá pela
repetição das mesmas expressões lexicais. Ex.: “O fogo destruiu tudo. O edifício
desmoronou. Do edifício, sobrou
absolutamente nada”.
Sinonímia:
ocorre quando a repetição se dá pelo emprego de sinônimos. Ex.: “O barulho é um dos problemas mais
graves que afligem nossa civilização nesse século. Os milhões de ruídos que rodeiam o homem
diariamente, em quase todos os cantos, em sua maior parte, são produzidos por
ele mesmo”.
Hiperonímia/hiponímia:
quando o primeiro elemento de uma sequência linguística mantém com um segundo
uma relação todo/parte, classe/elemento, tem-se um hiperônimo. Quando o
primeiro elemento mantém com o segundo uma relação parte/todo, elemento/classe,
tem-se o hipônimo.
Ex.: Um
porco morreu devido a uma overdose de haxixe depois de ter comido
grande quantidade de droga que seu
proprietário escondeu em uma fazenda em Vilagarciana de Carril, na Galícia,
noroeste da Espanha”. (Folha de São Paulo, 12/02/91).
Expressões
nominais definidas: ocorrem quando há retomadas de um mesmo referente por meio
de expressões de natureza diversa, relacionadas com o nosso conhecimento de
mundo. Ex.: “Comemora-se o sesquicentenário de Machado de Assis. As
comemorações devem ser discretas para que sejam dignas de nosso maior escritor.
Seria ofensa à memória do Mestre qualquer
comemoração que destoasse da sobriedade e do recato que ele imprimiu a sua
vida, já que o bruxo do
Cosme Velho continua vivo entre nós.
Nomes
genéricos: ocorrem quando há reintegração do item lexical pela utilização de
nomes genéricos, como: pessoa, coisa, fato, gente, negócio, lugar, ideia,
funcionando como itens de referência anafórica. Ex.: “Até que o mar, quebrando o mundo,
anunciou de longe que trazia nas suas ondas coisa nova, desconhecida,
forma disforme que flutuava, e todos vieram à praia, na espera... E ali
ficaram, até que o mar, sem se apressar, trouxe a coisa, certa, e depositou na areia surpresa triste, um homem
morto...”
B) Coesão Recorrencial: ocorre
quando as retomadas de estruturas linguísticas visam à progressão do discurso.
Constitui um meio de articular a informação nova àquela já conhecida no
contexto.
a) Retomada de termos: ocorre quando
a repetição de um mesmo termo exerce uma função determinada, de ênfase,
intensificação etc. Ex.: “Pedro,
pedreiro, pedreiro esperando o trem que já vem, que
já vem, que já vem, que já vem...”
b) Paralelismo: ocorre quando os
elementos linguísticos são reutilizados em enunciados com sentidos diferentes.
Ex.:
“Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor”
C) Coesão
Sequencial: tem a mesma função da coesão recorrencial: fazer progredir o texto,
impulsionando o fluxo informacional. Difere da recorrencial por não apresentar
retomadas de itens, sentenças ou estruturas. Alguns exemplos:
Correlação
de tempos verbais: todo enunciado deve satisfazer as condições conceptuais
sobre localização temporal e ordenação relativa que são características da
referência da realidade. Ex: “Ordenei que deixassem a casa
em ordem”. / “Ordeno que deixem a casa em ordem”.
Conexão
das orações (alguns exemplos):
Condição:
estabelece uma relação de dependência entre proposições. Ex.: “Se chover, não iremos à festa”.
Causa:
ocorre quando há entre duas proposições uma relação de causa- consequência.
Ex.: “Saiu-se bem no exame porque estudou
muito”.
Finalidade:
conexão entre as duas orações estabelece uma relação meio-fim. Ex.: “Estuda
muito a fim de passar
no exame”.
Conformidade:
conexão das duas orações mostra a conformidade de conteúdo de uma oração em
relação à outra. Ex.: “O réu agiu conforme o
advogado lhe havia determinado”.
Explicação:
a conexão das duas orações mostra que a segunda explica a primeira. Ex.: “Deve
ter faltado energia por muito tempo, pois a geladeira está
totalmente descongelada”.
Adição:
em que a conexão das duas orações mostra um conjunto de ideias entre as
proposições. Ex.: “Chegou cedo e recebeu os convidados”.
Adversão:
a conexão entre orações mostra a oposição de ideias entre elas. Ex.: “Chegou
cedo, mas nada
fez”.
Conexão
de enunciados em textos: por meio de encadeamentos sucessivos e diferentes
entre dois ou mais períodos e entre parágrafos de um texto. Os elementos
formais responsáveis por esse tipo de conexão são chamados operadores
argumentativos. Ex.:
“João é, sem dúvida, o melhor candidato. Tem boa formação e
apresenta um consistente
programa administrativo. Além disso, revela pleno conhecimento dos
problemas da população. Ressalte-se, ainda, que não faz promessa demagógica.”
São
operadores argumentativos: estão com o propósito de, com a intenção de, pelo
contrário, em vez disso, em contrapartida, em suma, em síntese, em conclusão,
para resumir, para concluir etc.
BIBLIOGRAFIA
FÁVERO,
Leonor Lopes (1991) Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática.
KOCH,
Ingedore G. Villaça (1993) A coesão textual. São Paulo: Ática.
Governo do
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Secretaria de
Estado de Educação (Seduc-MT)
Escola
Estadual Zélia Costa de Almeida
Curso: Grupo de
Estudos ZCA
Prof. Esp. Luciano
Otahara Campos
Conteúdos: A coesão e a coerência textuais (exercícios
de sala)
1.
Abaixo, apresentamos alguns segmentos
de discurso separados por ponto final. Retire o ponto final e estabeleça entre
eles o tipo de relação que lhe parecer compatível, usando para isso os
elementos de coesão adequados.
a) O solo do
nordeste é muito seco e aparentemente árido. Quando caem as chuvas,
imediatamente brota a vegetação.
b) Uma seca
desoladora assolou a região sul, principal celeiro do país. Vai faltar alimento
e os preços vão disparar.
c) O
trânsito em São Paulo
ficou completamente paralisado dia 15, das 14 às 18 horas. Fortíssimas chuvas
inundaram a cidade.
2.
Reúna os segmentos de cada item,
subordinando a segunda sentença à expressão sublinhada na primeira, através de
pronomes relativos.
a) O circo é
uma tenda mágica. Acontecem miragens e milagres no circo.
b) As
crianças vão ao circo. Somos responsáveis pelas crianças.
c) O palhaço
chama-se Pipoquinha. O filho do palhaço é o trapezista do circo.
d) A vida
circense é fabulosa. Todos estão acostumados à vida circense.
3.
No texto a seguir há um trecho que,
se tomado literalmente (ao pé da letra), leva uma interpretação absurda.
"A oncocercose é uma doença típica de
comunidades primitivas. Não foi desenvolvida ainda nenhum medicamento ou
tratamento que possibilite o restabelecimento da visão. Após ser picado pelo
mosquito, o parasita (agente da doença) cai na circulação sangüínea e passa a
provocar irritações oculares até a perda total da visão."
Folha de
S. Paulo, 2 nov. 1990.
a) Identifique
o trecho problemático.
b) Diga qual
a interpretação absurda que se pode extrair desse trecho.
c) Qual a
interpretação pretendida pelo autor?
d) Reescreva
o trecho de forma que deixe explícita tal interpretação.
4.
Estabeleça a coesão do texto abaixo,
valendo-se de expressões que substituam o excesso do emprego da palavra
"golfinho". Utilize expressões que, mesmo não-oficiais, possam servir
como substitutas.
"O
golfinho nada velozmente e sai da água em grandes saltos fazendo acrobacias. É
mamífero e, como todos os mamíferos, só respira fora da água. O golfinho vive
em grupos e comunica-se com outros golfinhos através de gritos estranhos que
são ouvidos a quilômetros de distância. É assim que golfinho pede ajuda quando está em perigo ou
avisa os golfinhos onde há comida. O golfinho aprende facilmente os truques que
o homem ensina e é por isso que muitos golfinhos são aprisionados, treinados e
exibidos em espetáculos em todo o mundo."
Revista Ciência Hoje.
5.
Leia o texto
antes de resolver
a questão proposta .
PODERÍAMOS
VIVER SEM CHUVA?
À primeira
vista , parece que
a chuva devia cair
sempre à noite ,
porque é precisamente
quando mais
benefícios traz e menos
prejudica nossos afazeres
e divertimentos ; mas
quer ela
cair em dias
de festa ou
de noite , enquanto
dormimos tranquilamente, a chuva é sempre necessária .
Devemos ver
na chuva um agente que
limpa e purifica o ar ,
alimenta a vida
vegetal , da qual depende
a nossa e nos
fornece a água de que
necessitamos durante todo o ano , nas
regiões onde
chove bastante .
Indique a expressão
a que se referem os seguintes
itens linguísticos:
a) seus
b) dela
c) onde
d) na
e) da qual
6.
Reúna os segmentos
de cada item ,
subordinando a segunda sentença à palavra
sublinhada na primeira .
a) A chuva é necessária
em todas as regiões
do planeta , embora
muitas pessoas não
tenham consciência disso. A chuva é fonte de vida .
b) O lavrador reconhece o valor
da chuva e do sol
para a plantação .
Seu ofício
depende dos recursos naturais e requer paciência
e habilidade .
c) A terra é rica , embora não
reconheçamos seu valor .
Extraímos nosso alimento
da terra .
d) Na cidade , as pessoas
esquecem que a harmonia
do planeta depende do equilíbrio entre
os dias de sol
e os dias de chuva .
Lá já
não se tem noção
da origem dos gêneros
alimentícios .
7.
No texto seguinte, há impropriedade
quanto ao uso do pronome relativo. Reescreva-o com a correção que se faz
necessária.
A festa em homenagem ao centenário
da cidade cuja eu nasci durou três dias. As atividades que abrilhantaram o
evento realizaram-se na colina onde se originou a primeira vila em que deu
início à cidade. O ponto alto das solenidades foi o momento onde as crianças
encenaram, representando os fundadores da cidade.